ARQUITETURA HOSTIL
Você já ouviu falar sobre arquitetura hostil?
O termo, proposto pelo repórter Ben Quinn do jornal britânico The Guardian, se refere às estratégias de design urbano que buscam restringir a utilização de certos espaços para evitar a presença de pessoas "indesejadas", principalmente em situação de rua.
Cercas elétricas, arames farpados, grades utilizadas para o fechamento de praças e gramados, bancos que não possuem as dimensões recomendadas, paralelepípedos embaixo de viadutos, lanças em muretas e guarda-corpos, traves metálicas em portas de comércios e gotejamento proposital sob marquises são alguns exemplos de técnicas utilizadas por órgãos públicos e privados para a exclusão de pessoas dos espaços.
Contudo, ao traçar um limite para quem pode utilizar tal área, o design urbano exclusivo acaba tornando os locais cada vez mais desertos e, consequentemente, inseguros, à medida que as condições de utilização passam a ser menos inclusivas e acolhedoras.
Essa arquitetura limitadora, em busca da "segurança" e do "conforto" exclusivamente de uma parte da sociedade, acaba limitando a própria arquitetura, que deixa de cumprir a importante função social de contribuir com a realidade de todos os cidadãos e combater as desigualdades estruturais existentes na sociedade brasileira.
Ao final deste post fica a pergunta: Para quem é a cidade?
Para a Rede com a Rua, a resposta é simples e pauta a nossa forma de nos relacionar com os locais por onde passamos: A CIDADE É PARA TODOS.
*Texto elaborado em parceria com o acadêmico do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, Vitor Hugo
Referências:
QUINN, Ben. Anti-homeless spikes are part of a wider phenomenon of 'hostile architecture'. Publicado em 13 Jun 2014. Disponível em: <https://www.theguardian.com/artanddesign/2014/jun/13/anti-homeless-spikes-hostile-architecture>. Acesso em 23 Fev 2021.
PEREIRA, Matheus. SOUZA, Eduardo. Arquitetura hostil: A cidade é para todos?. Publicado em 8 Fev 2018. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/888722/arquitetura-hostil-a-cidade-e-para-todos>. Acesso em 23 Fev 2021.